Na sessão ordinária do dia 21 de setembro de 2021 foi aprovada a Indicação 029/2021, encaminhada pelo vereador Daniel Michaelsen (MDB).
O edil solicita ao Executivo Municipal que estude a possibilidade de: colocar uma placa na divisa de Linha Olinda com Linha Nova contendo a frase: “Rua dos Imigrantes – Linha Olinda. Aqui começou a Imigração Alemã em Nova Petrópolis”; colocar um ponto de wifi na placa; colocar uma escultura de um casal com filho em pedra de areia no local; fazer um ajardinamento e colocar uma janela enxaimel no local; fazer um muro com pedras de roça, lembrando as taipas, e fazer parceria público-privada para a instalação de um mirante nas divisas dos municípios de Nova Petrópolis e Linha Nova.
De acordo com a justificativa da indicação, a história conta que os primeiros imigrantes alemães chegaram à Nova Petrópolis abrindo picadas (ruas estreitas), em plena mata virgem, com trabalho braçal, utilizando facões, machados, serrotes, carroças e cavalos, na Linha Olinda até a Escola Jacob Haas, descendo em direção a Linha Café, hoje Picada Café.
Desde o início da imigração, em 1824, milhares de pessoas deixaram a Alemanha. As terras alemães estavam impróprias para o plantio e havia excesso de mão de obra. O povo alemão estava triste e passando por momentos difíceis. A propaganda feita do Brasil nas aldeias alemãs era intensa e as ofertas atraentes: terra para plantio; isenção de impostos; ajuda de custo e liberdade de culto.
Mas, a decisão de partir não era tão fácil assim. Era necessário abandonar os familiares, amigos, a casa, a terra onde nasceram e tudo o que construíram em suas vidas. Porém, a esperança de que a vida melhorasse falou mais forte do que o medo e a incerteza. Os alemães resolveram partir para o Brasil em busca de uma nova Heimat (terra natal).
Os imigrantes chegaram a Porto Alegre e, em seguida a São Leopoldo. Após, conforme suas distrações oficiais, seguiram por Ivoti, Picada 48, São José do Hortêncio, até chegar em Linha Nova, já colonizada. Em 1858, era necessário abrir uma picada em plena mata virgem, ligando Linha Nova ao Stadtplatz, futura Colônia Provincial de Nova Petrópolis. Era o começo da história de Linha Olinda. Uma picada estreita seguindo o divisor de água de cordilheira, a trilha dos imigrantes alemães. Os Imigrantes traziam pouca bagagem, muito sofrimento e cansaço com a longa e interminável viagem. Ao chegar ao local que lhes caberia como propriedade, ficaram assustados com o que viram. Haviam imaginado um cenário diferente, pois tinham acreditado na propaganda dos agentes de imigração. Alguns se desesperaram: “onde está a escola para nossos filhos?”, “onde está a igreja?”. Viram que tudo estava por fazer e que não tinham alternativa do que a de lutar para vencer.
Alguns colonos morreram esmagados por árvores, como Guilherme Armangue, cujo túmulo se encontra em Linha Olinda. Foram destinados lotes de terra cobertos de mata virgem, onde a caça já foi essencial para a obtenção de alimentos. No meio dessa mata, era preciso inventar o mundo, reconstruir em terras brasileiras a sua Heimat. Os primeiros prazos coloniais (lotes) distribuídos na colônia provincial de Nova Petrópolis foram em Linha Olinda. O pagamento dos lotes era feito a prazos que não excedessem cinco anos. No caso de ultrapassarem desse período, os colonos deveriam pagar 1% de juros ao mês. As terras ficavam hipotecadas até a liquidação do débito. Se os colonos tivessem sorte, isto é, se as dificuldades naturais do trabalho dos pioneiros não se juntassem a outros, como secas e geadas, eles poderiam livrar-se da dívida em cerca de cinco anos. Era preciso trabalhar muito para garantir a sobrevivência e obter os excedentes cujo a venda serviria para saldar a dívida.
Grande parte dos imigrantes eram agricultores. Porém, haviam pessoas de outras profissões como: ferreiros, carpinteiros, marceneiros, costureiros, alfaiates, negociantes, agrimensores, dentistas, médicos, professores, pastores, padres, regentes de coral, enfermeiras, entre outros.
A Escola Professor Jacob Haas é o marco inicial da educação na Linha Olinda, sendo uma das mais antigas do município. Ela surgiu como entidade cultural e religiosa, em 1871. O professor Jacob Haas, patrono da escola, nasceu no dia 12 de Abril de 1891, e era filho de Peter Haas Filho e Maria Christina Ritter. Casou-se com Josefina Marconi, com quem teve cinco filhos: Lorena, Wilma, Norma, Ademar e Estela. Josefina faleceu no dia 7 de Maio de 1926. Então, Jacob casou-se novamente em 1929 com a professora Julieta Neolando da Silva, com quem teve um filho: Lacy Antônio Haas. Jacob Haas dedicou-se ao Magistério como professor particular e como professor municipal. Durante 40 anos, foi regente do Coral da Sociedade de Canto Irmandade da Linha Olinda. O Coral foi fundado em 13 de Dezembro de 1910 e tornou-se misto em 10 de Julho de 1998.
“Um dos objetivos da comunidade da Linha Olinda é restaurar a escola e tornar o espaço num museu e café, para que todos possam usufruir”, afirma o vereador Daniel Michaelsen.
Na localidade, também existe a Escola Municipal de 1º Grau Incompleto Tiradentes. O atual prédio escolar de 163.28m² foi construído em 1970, substituindo o antigo que não apresentava mais condições necessárias para escola. Em fase de construção do prédio escolar, as aulas eram ministradas numa residência vizinha. O prédio foi construído pela Prefeitura Municipal com o auxílio dos membros da comunidade. A área escolar é de 20.000m², sendo que 15.000m² foram doados pela Sra. Rosalina Weidlich Klemann de Linha Nova e 5.000m² pelo Sr. Bruno Kempf, de Linha Olinda.
Também havia o “Negro Firmino”, que era um escravo foragido que se sentiu acolhido peal comunidade de Linha Olinda. João Firmino da Silva teria vindo de São José do Hortêncio e fora criado pela família Weber. Firmino não se intimidava por ser de outra raça, inclusive falava a língua alemã. Houve um período em que auxiliava as obras na defesa contra os Maragatos. Dizia em alemão, sempre muito orgulhoso: “Mia Deutsche, Missa Zahme Halle”, que quer dizer “Nós alemães, precisamos nos manter unidos”. Este personagem alcançou mais de 100 anos de vida e a lápide dele se encontra no cemitério da Linha Olinda.
A localidade possui um time de futebol, o Esporte Clube Linha Olinda, que foi fundado no dia 10 de Dezembro de 1910. O clube levou o nome da localidade para os mais distantes recantos da cidade e região. Em entrevista dada ao jornal “O Diário”, no dia 15 de Setembro de 2004, o Sr. Oscar Spier (In Memorian) conta que, quando ele nasceu, o clube tinha cinco anos de fundação. Nos primeiros anos, o campo era num potreiro cercado por taipa e não tinha lateral, a bola batia na taipa e o jogo continuava normalmente. Oscar jogou até o final da década de 1950 no time. Ele dizia que, em certa época, o time era feito por 11 pessoas da mesma família, entre irmãos e primos, que ficaram conhecidos como “Os 11 Spier”.
De acordo com vereador Daniel Michaelsen, essa pesquisa foi realizada no Arquivo Histórico de Porto Alegre, na Biblioteca Pública Municipal Professora Elsa Hofstätter da Silva, no Arquivo Histórico de Nova Petrópolis e na Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis. Além disso, foram realizadas entrevistas com moradores da Linha Olinda.
“Um povo que preserva sua história, raízes, cultura e memória, está possibilitando diretamente a construção de um futuro para sua gente e sua cultura. E, por mais que estejamos em outros tempos com tecnologias de ponta, novas mídias, a Internet e a era digital, um povo se torna rico mantendo seus traços e requintes culturais dos seus antepassados. Vale destacar ainda que este não é somente um trabalho do vereador Daniel, mas de todas as pessoas da comunidade que ajudaram na pesquisa”, disse Michaelsen.
Crédito das fotos: Jordana Kiekow | Comunicação CVNP / Arquivo Histórico Municipal e Arquivo Pessoal
Fonte: Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis