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NOTÍCIAS

25/03/2021

As mulheres do Legislativo Municipal de Nova Petrópolis

Saiba mais sobre as 4 mulheres que já foram eleitas titulares na Câmara Municipal de Vereadores de Nova Petrópolis.

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Ao longo de 66 anos de história de Nova Petrópolis, a Câmara Municipal de Vereadores só teve 4 vereadoras titulares eleitas. Destas, apenas uma foi presidente da Casa. Como março é considerado o mês da mulher, conversamos com as mulheres que já passaram pelo poder Legislativo Municipal. A ideia foi saber como foi o período em que estiveram como vereadoras e quais os maiores desafios que enfrentaram.

ELISABETH SEIBT (VEREADORA DE 1997 A 2000)

Como começou a sua vida na política?

Comecei na política por influência de meu pai Rubem Antonio Seibt, ex vice-prefeito de Nova Petrópolis.

Quando se elegeu? Quais suas memórias mais marcantes daquela campanha? Lembra quantos votos fez?

Foi eleita em 1996 com 462 votos.

Cite um momento emblemático, marcante da legislatura em que foi vereadora.

Quando aprovamos a construção do primeiro
trecho do asfalto para o Pinhal Alto. Na ocasião me coube o voto de minerva por estar empatada a votação.

Você enxergou desafios por ser uma vereadora mulher? Se sim, quais?

Sim. Pude acompanhar vários projetos importantes para Nova Petrópolis
como o Centro Eventos, o acesso à Linha Olinda com a presença do ex- ministro Sr. Eliseu Padilha e vários engenheiros do DNIT.

Para você, qual a importância de mulheres ocuparem cadeiras nas Câmaras Municipais?

    Considero muito importante por mulheres terem visões diferentes dos homens
    em vários assuntos.

    O que você diria para as mulheres que querem entrar na política? Que recado você deixaria para elas?

      Sugiro às mulheres que gostam de política que procurem um partido político,  façam  sua filiação,  participem das reuniões e procurem se informar  de que maneira possam melhor contribuir com o  município.

       

      DÉBORA SCHWANTES DE BRAGA (Vereadora de 1997 a 2000)

      Como começou a sua vida na política?

      Cresci no meio político. Desde pequena acompanhei meu pai, que era vereador e servidor público, nas festas de comunidades no interior. Durante a campanha política ia junto nos comícios e reuniões. Além disso duas razões me levaram a tomar essa decisão: O afastamento político do meu pai na época e a participação da força jovem na política.

      Quando se elegeu? Quais suas memórias mais marcantes daquela campanha? Lembra quantos votos fez?

      Em 1996, com 18 anos fui a vereadora mais jovem do Estado e a vereadora mais votada com 631 votos. Acompanhei praticamente todas as visitas com os candidatos, tanto no interior, centro e bairros. Conheci todo interior do nosso município e a realidade e necessidades dos agricultores.

      Cite um momento emblemático, marcante da legislatura em que foi vereadora.

      Inauguração do Centro de Eventos.

      Você enxergou desafios por ser uma vereadora mulher? Se sim, quais?

      Felizmente não tive nenhum problema que me lembre.

      Para você, qual a importância de mulheres ocuparem cadeiras nas Câmaras Municipais?

      A necessidade de se sentir representada, a luta pela igualdade e mostrar que as mulheres têm voz e força. 

      O que você diria para as mulheres que querem entrar na política? Que recado você deixaria para elas?

      Lutarem pelos seus direitos para cada vez mais conquistarem seu espaço na política.

       

        SIMONE ELISA MICHAELSEN HAFNER (Vereadora de 2009 a 2012 e de 2013 a 2016)

        Quando e como começou o seu envolvimento com a política?

        Na juventude. Na escola já participava de grêmio estudantil e liderança de outros grupos. A ideia de querer ser vereadora só apareceu quando, em trabalho público como conselheira tutelar, percebi as necessidades de uma parcela mais vulnerável da cidade. A proximidade de amigos políticos, que me incentivaram na inscrição no partido e iniciação na vida política, me fez então vereadora.

        Quando se elegeu? Quais suas memórias mais marcantes daquela campanha?

        Na legislatura de 2009 a 2012 acredito que fiz 450 votos. Foi minha primeira experiência como candidata. Caminhar muito, passar de casa em casa distribuindo panfletos e a mais difícil tarefa de falar ao público, no microfone em comícios. Nunca vou esquecer esse nervoso que dá.

        Na legislatura de 2013 a 2016 a emoção foi maior na vitória junto aos candidatos a prefeito e vice. A reeleição foi mais difícil, mesmo com mais experiência, e na época tinham muitos candidatos na caminhada.

        Você enxergou desafios por ser uma vereadora mulher? Se sim, quais?

        O desafio mais difícil foi fazer campanha. Bater de casa em casa e pedir o voto cara a cara, o que não é fácil. Ouvir todos os problemas da comunidade e tentar ajudar nas mais diversas áreas é muito difícil.

        Cite um momento emblemático, marcante da legislatura em que foi vereadora.

        Mais decepcionante foi encontrar eleitores corruptos que tentam vender o seu voto. E nos últimos dias antes da eleição alguns espertos ligam e tentam negociar votos: "aqui em casa tem cinco votos, quanto você me paga?". Esse sistema é de longa data, pois os eleitores corruptos mostravam experiência nessa tentativa de vender o voto. Tentam negociar com todos os candidatos. Ou ainda quando distribuindo panfletos e conversando com alguns, te diziam: "Vai falar com a minha mulher..." que significava "eu não voto em mulher".
         

        Você enxergou desafios por ser uma vereadora mulher? Se sim, quais?

        Tive a oportunidade de ser vereadora por dois mandatos e conheci todo município e muitas pessoas queridas e amigas. Lamento não ter podido atender todas as necessidades da comunidade. Sabemos que são muitas e em várias áreas distintas.

        Nas últimas eleições municipais de 2020, acompanhei as discussões políticas pelas redes sociais e internet. Só lamentei muito que o município só elegeu uma única mulher para compor a câmara de vereadores. Infelizmente temos ainda muito que lutar pra vencer essa discriminação.

         

        KÁTIA REGINA ZUMMACH (Vereadora de 2017 a 2020 e de 2021 a 2024)

        Como começou a sua vida na política?

        Minha trajetória política começou em 2012 quando fui candidata a vereadora pela primeira vez. Em 2014 fui candidata a Deputada Estadual, antes disso participei ativamente da Associação de Moradores do Bairro Pousada da Neve.

        Quando se elegeu? Quais suas memórias mais marcantes daquela campanha? Lembra quantos votos fez?

        Fui eleita a primeira vez em 2016 com 372 votos. Em 2020 fui eleita a mais votada com 667 votos. Acredito que toda campanha tem seus desafios. Em 2016, lembro que fiz campanha com o pé precisando de cirurgia, caminhei com muita dor durante a campanha e só fiz o procedimento cirúrgico depois que o período eleitoral terminou. Mas sem dúvida a última campanha de 2020 foi a mais desafiadora, uma campanha no meio de uma pandemia, onde tínhamos que ter muito cuidado para não nos contaminar e para não contaminar os outros, uma campanha sem comícios, com pouco contato físico, com as pessoas enfrentado várias dificuldades devido a pandemia e nós tendo que falar sobre política, pedir votos, sem dúvida um momento muito delicado.

        Cite um momento emblemático e marcante da legislatura em que foi vereadora.

        Vários momentos foram marcantes, mas sem dúvida foi o dia que o Plenário da Câmara de Vereadores lotou com pessoas protestando, a grande maioria Mulheres, devido ao fato ocorrido na Sessão anterior, onde o tema debatido foram proposições sobre o combate à violência contra a mulher e um colega achou que esse não era um tema relevante e menosprezo a questão da violência contra a mulher. No dia do protesto senti a solidariedade e principalmente a força da nossa comunidade, que não se calou diante do acontecido.
        O reconhecimento, o carinho da comunidade quando me encontra também é muito importante, me recordo de um evento onde um grupo de meninas me reconheceu e veio ao meio encontro dar um abraço, servir de inspiração para que mais menina e mulheres almejem participar de cargos de liderança é muito gratificante.

        Você enxergou desafios em ser vereadora mulher?

        Os desafios da Mulher na política já começam com a baixa representatividade. Em vários momentos participo de reuniões onde sou a única mulher, e eu me pergunto como isso ainda é possível. Por mais que muitos achem que isso não tem nada de mais, isso faz diferença sim, já aconteceu de eu falar algo e ninguém prestar atenção e em seguida um homem falar a mesma coisa e todos acharem o máximo. Parece que nós, mulheres, precisamos nos esforçar o dobro para alguém prestar atenção, para achar a nossa opinião importante e o pior é a que a maioria dos homens nem se dá conta disso, é cultural, vem de uma sociedade patriarcal , onde para muitos isso continua inrustido onde muitos ainda acham que os homens devem estar a frente de cargos de liderança e de poder.
         

        O que você diria para as mulheres que querem entrar na política? Que recado você deixaria para elas?

        É muito importante termos mais mulheres nesses espaços de decisão, de poder. A importância disso já se demonstra na própria pergunta, qual a importância de mulheres ocuparem cadeiras nas Câmaras Municipais? Porque ninguém pergunta isso para os homens? Por que tem que ser natural os homens estarem nesses espaços e as Mulheres ainda são questionadas sobre isso? Queremos uma sociedade justa e igualitária onde homens e mulheres são iguais, tem oportunidades iguais e isso não é só sobre igualdade, é principalmente sobre equidade. Isso já começa na campanha, se uma mulher que tem filhos pequenos se candidata, muitos já questionam sobre com quem vão ficar os filhos e quando um homem tem filhos pequenos a maioria não questiona, pelo simples fato de que acham natural isso. Para termos igualdade precisamos de equidade, criar para as mulheres as facilidades, as mesmas oportunidades que os homens têm. Muitas das barreiras impostas para as mulheres não existem para os homens, precisamos ajudar e incentivar cada vez mais as Mulheres a participarem da política. Numa cidade como a nossa onde até hoje só tivemos 4 vereadoras eleitas ao longo da nossa história, o cenário é desanimador, então precisamos ampliar esse debate. Qual o motivo disso continuar acontecendo, se a maioria do eleitorado é feminino, porque essa baixa representatividade, de que forma vamos mudar isso?
        Para todas as Mulheres que almejam ocuparem uma cadeira na Câmara, continuem firmes nessa caminhada, a política precisa de nós, temos muito que conquistar ainda. Estou aqui para ajudar vocês no que for preciso. Juntas somos mais fortes!

        Fonte: Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis