Portal Destaque
conteúdo do menu
conteúdo principal

NOTÍCIAS

10/05/2023

Segunda reunião sobre segurança nas escolas de Nova Petrópolis é realizada na Câmara de Vereadores

Reunião foi marcada pelo retorno de possíveis soluções por parte do Poder Executivo e de instituições de segurança

COMPARTILHAR NOTÍCIA

A segunda reunião sobre a segurança nas escolas e creches de Nova Petrópolis aconteceu na segunda-feira, 8 de maio, no Plenarinho da ACINP. Na ocasião, o Poder Público, representantes do Poder Judiciário, órgãos e entidades de segurança apresentaram à comunidade possíveis soluções e medidas para prevenir a ocorrência de situações de violências nas instituições de ensino do município. Equipes diretivas e pedagógicas, psicólogos, professores e alunos das mais diversas escolas e creches participaram da reunião, que também foi transmitida ao vivo pelo youtube da Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis. A reunião marcou o retorno de informações à comunidade, visto que em 11 de abril foi realizada a primeira reunião, promovida pela Casa Legislativa, na qual foram ouvidas as demandas e preocupações dos pais e professores do município.

A presidente da Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis, Kátia Regina Zummach (PSDB), deu início a reunião destacando que a escola é o espaço onde as famílias entregam os seus filhos aos cuidados das equipes e espera-se que este seja um lugar protegido e seguro.

“As equipes pedagógicas precisam da nossa ajuda. A violência está presente em diversos locais e, infelizmente, também está presente no ambiente escolar, manifestando-se de diversas formas. Essa violência é reflexo de outros ambientes de várias situações. Não é possível definir uma única causa para essa questão, o problema da violência é complexo, é preciso um olhar técnico, uma visão multidisciplinar, empatia e acolhimento. Precisamos educar para a paz, para o combate à violência, uma missão de toda a sociedade. Esse debate não se encerra hoje, é necessária uma construção constante e somente com a união de esforços teremos êxito”, ressalta Kátia.

O promotor de Justiça da Comarca de Nova Petrópolis, Charles Martins, afirma que, em conversa com setores da segurança, educação e saúde mental, foi elaborada uma minuta de um projeto de lei municipal que tem como objetivo compartilhar com a comunidade escolar a solução para os problemas de segurança na escola.

“Naquela primeira reunião, nós ouvimos a comunidade e identificamos suas expectativas e, a partir disso, nos reunimos, debatemos e tomamos posições. Nós fizemos em torno de três reuniões em um grupo menor e chegamos a possíveis encaminhamentos”, destaca Martins.

O promotor ressalta novamente a importância da sociedade colocar em prática a cultura da segurança e da paz.

“Nós que moramos no interior não temos uma cultura de segurança, pensamos que nada acontece em nosso município, até acontecer. Ou seja, nós precisamos da lei, mas precisamos colocar em prática a cultura da segurança. Neste exato momento da história do nosso país, é preciso que a gente reflita sobre uma cultura de paz, nós temos que ser respeitosos. Temos que expor nossas ideias, mas temos que aprender a não compactuar com esses discursos de ódio, intolerância e apologia ao crime. Cabe à sociedade tomar uma posição de respeito e ser racional. A violência é reflexo de vivências em outros ambientes, como dentro de casa. É preciso dialogar com a criança e desenvolver uma cultura de paz”, diz Charles.

O delegado de Nova Petrópolis, Fábio Idalgo Peres, destaca que a Polícia Civil e a Brigada Militar tiveram que se readequar para possíveis situações de violência nas escolas.

“Nós tivemos investigações policias na nossa região sobre ameaças escolares, não podemos pensar que nada vai acontecer aqui, claro que não queremos que nada aconteça, mas precisamos manter a cultura da segurança, como disse o promotor. Todos os municípios estão se envolvendo mais no debate sobre a segurança nas escolas e isso é muito importante. Nós não estamos preparados para ataques desse tipo porque a escola é feita para o ensino das crianças, é feita para ter segurança, mas há certos mecanismos de segurança que não vão funcionar se a cultura de segurança não for implantada por nós. Nós não vivemos mais em uma sociedade de 20 anos atrás, precisamos ter mais cuidado”, afirma Peres.

Fábio comenta que a minuta do projeto de lei elaborado pelo Poder Público também traz a comunidade para o debate, o que é muito importante, pois, para ele, a segurança é uma missão de todos.

“Eu vejo que a sociedade está mais dedicada neste assunto, como pais, professores e a comunidade. Esse debate fica vazio se não discutirmos constantemente esse assunto nas escolas, em casa e no Poder Público. A primeira reunião foi muito importante, a comunidade contribuiu muito, pois a prestação de segurança pública é complexa. A demanda na segurança modifica muito ao longo dos anos, dependendo a lei e a época em que a sociedade vive”, explica o delegado.

De acordo com o tenente do 3º Pelotão da Brigada Militar de Nova Petrópolis, Mateus Pelizzaro, a instituição já ampliou o policiamento nas escolas e creches do município.

“A comunidade deve ter notado que estamos mais presentes nas escolas e vamos continuar assim. Em uma situação dessas, precisamos da colaboração de toda a sociedade. Convoco as pessoas que pertencem a essa comunidade que, a qualquer sinal, de um problema, de um suspeito ou de uma situação estranha, que nos comuniquem. Como comentamos em nossas reuniões internas, as pessoas, por vezes, se comunicam entre elas e esquecem de comunicar aqueles responsáveis pela segurança. Nossa equipe trabalha 24 horas e sempre está à disposição da comunidade, atendendo todas as denúncias”, diz.

RETORNO DO PODER EXECUTIVO MUNICIPAL

Em sua fala, o prefeito de Nova Petrópolis, Jorge Darlei Wolf, ressalta que esteve em reunião com os profissionais da educação, da saúde e da segurança, para definir ações específicas de acordo com cada situação e realidade das escolas. Ele também afirma que, até a reunião do dia 11 de abril, existia uma escola sem portão eletrônico, mas que isso foi providenciado e, atualmente, todas as escolas e creches possuem portões eletrônicos e todos estão sempre trancados.

Wolf salienta que o objetivo da Administração Municipal é instalar nas escolas e creches botões de emergência, câmeras de alta resolução e softwares de reconhecimento facial.

“O processo de instalação de botões de emergência iniciou no dia 8 de maio em algumas escolas do município. Também instalaremos câmeras nos portões das escolas, interligadas com o sistema da Polícia Civil e da Brigada Militar de Nova Petrópolis. Além disso, estamos trabalhando na aquisição de 14 licenças de softwares de reconhecimento facial, também interligado ao nosso sistema de videomonitoramento já existente”, destaca o prefeito.

Ainda conforme o Poder Executivo, estão em andamento os serviços de instalação de mais 36 câmeras de segurança em Nova Petrópolis. A ampliação levará o sistema de videomonitoramento aos bairros e à zona rural do município. Serão mais de 30 câmeras fixas, duas câmeras panorâmicas e quatro câmeras OCR (que fazem leitura de placas de veículos), além de outros equipamentos e estruturas auxiliares. As novas câmeras estarão presentes em quatro localidades do interior e em sete bairros.

“Queremos dar segurança aos alunos, pais e profissionais da educação. A escola deve ser um lugar seguro e um ambiente de paz. Com essas ações, garantiremos mais tranquilidade no cotidiano da comunidade e permitindo que nossos alunos tenha uma educação de qualidade”, ressalta Wolf.

A secretária municipal de Educação, Cultura e Desporto, Gislaine Marchioro Leal, conta que, diante dos últimos acontecimentos e por medidas de segurança, a Secretaria solicitou aos pais ou responsáveis das crianças algumas atitudes diferentes a serem cobradas nas escolas.

“Fizemos um Ofício para garantir maior segurança as crianças e profissionais da educação. Orientamos que os portões das escolas permaneçam trancados. Os pais ou responsáveis devem tocar a campainha e aguardar o atendimento, o recebimento ou entrega das crianças, conforme a organização de cada escola”, afirma Gislaine.

A secretária também destaca que foi realizada uma reunião com todos os diretores e cada um recebeu a sua correspondência destinada a sua comunidade escolar para que as medidas pudessem ser cumpridas.

“Pedimos atenção aos horários de entrada e saída das crianças ou estudantes das escolas, pois o cumprimento dos horários também é uma forma de assegurar a organização e a segurança de todos na escola. O uso do uniforme escolar também é de relevante importância. Pedimos para os diretores e professores orientarem os pais, pedindo para que eles conversassem com seus filhos sobre as redes sociais que estão acessando, acompanhando mais de perto o conteúdo que consomem. Também pedimos para a equipe diretiva e a secretária da escola, que cuidam das campainhas, que tenham calma e paciência na hora do atendimento. Além disso, solicitamos que os pais evitassem de enviar outras pessoas para retirar seus filhos da escola”, diz Gislaine.

Segundo ela, a Brigada Militar está intensificando as rondas nas escolas e, em caso de pessoas estranhas circulando na escola ou no bairro, a comunidade deve ligar para o número 190, como forma de denúncia para a averiguação.

“As orientações têm a intenção de buscar imediata retomada dos cuidados das escolas e também das famílias, com medidas pontuais, que precisam ser lembradas a todos constantemente para a segurança no ambiente escolar. Entendemos que todos são responsáveis pela segurança, mas que cada segmento tem a sua função. Precisamos entender que as escolas não podem perder suas características, suas funções essenciais de educação, socialização, promoção da cidadania e desenvolvimento pessoal. Vamos continuar atendendo a todos dentro da sua integridade, respeitando as individualidades e o direito à educação de qualidade no município”, garante a secretária.

PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL NAS ESCOLAS

A coordenadora especial de Políticas para a Saúde Mental de Nova Petrópolis, Carina Correa da Silva, apresentou o Plano Municipal de Promoção de Saúde Mental nas Escolas, um trabalho que está sendo desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde e Assistência Social.

Os profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e do Espaço Multiprofissional de Atenção à Infância (EMAIA) elaboraram uma pesquisa que foi enviada por WhastApp aos alunos de todas as escolas do município.

“As respostas que recebemos dos estudantes nos ajudarão a elaborar intervenções no âmbito da saúde mental, o que também deve ser levado em conta quando falamos em segurança nas escolas. Foi importante levantar esses dados para trabalhar as questões na realidade de cada escola”, destaca Carina.

Em torno de 600 estudantes de 11 a 17 anos responderam a pesquisa. Destes, 73% responderam que se sentem seguros na escola e 97% responderam que se sentem seguros em casa. Na pergunta “Você se sente bem e acolhido na escola?”, 89% responderam que sim e 86% responderam que se sentem escutados e conseguem conversar em casa.

Na pergunta “Você já sofreu bullying ou algum tipo de violência na escola?”, 58% dos estudantes responderam que sim e 42% não. Quanto a terem praticado bullying ou algum tipo de violência na escola, 86% respondeu que não e 12% sim.

Ainda de acordo com a pesquisa, 25% dos estudantes já foram vítima de algum preconceito na escola. A pesquisa pediu para que os estudantes responderam o tipo de preconceito que sofreram e, destes 25%, 44% sofreram gordofobia, 25% racismo, 18% homofobia e 13% capacitismo.

Na pergunta “Você teria alguma sugestão ou ideia para melhorar o ambiente/convívio na sua escola?”, as respostas foram: debate de questões sociais; mais conversa entre alunos e professores; mais respeito mútuo; momentos de conversa sobre seus sentimentos; assistência psicológica nas escolas; trabalhos de cooperação e em equipe entre as turmas; mais envolvimento com esportes; aulas de contraturno e uma escola onde os estudantes podem se expressar.

Os estudantes também sugeriram medidas para melhorar a segurança nas escolas, como: treinamentos de segurança para casos de emergência; ter crachás para entrar na escola; prestar mais atenção nos alunos introvertidos; controlar o fluxo de entrada e de saída; manter sempre o portão fechado; melhorar a comunicação entre todos na escola e capacitar os professores para situações de violência, estresse e pressão.

Conforme as respostas recebidas, o CAPS e o EMAIA de Nova Petrópolis tem pensado em desenvolver ações que envolvem os estudantes, os professores e a equipe diretiva e os pais e familiares, para aproximar e qualificar o vínculo entre todos.

Em relação aos estudantes, o objetivo é ampliar a cultura da paz, criar espaços e processos inclusivos de acolhimento nas instituições de ensino e realizar rodas de conversa.

Já em relação aos pais e familiares, a proposta é que os profissionais do CAPS e do EMAIA possam participar das reuniões dos pais, para orientá-los sobre as redes sociais e regulação de acesso à internet de seus filhos, além estabelecer formas de controle dos materiais levados para a escola pelos estudantes.

Em relação aos professores e a equipe diretiva, a ideia é que o CAPS e o EMAIA também possam participar das reuniões pedagógicas, escutando as preocupações e demandas dos professores. Outro objetivo é capacitar as equipes sobre os sinais de alerta, como sintomas de sofrimento emocional e/ou cooptação de grupos extremistas que promovem e disseminam o ódio.

“Quando identificadas situações de sofrimento psíquico do estudante, os professores, equipe diretiva e pedagógica devem discutir com profissionais da saúde mental e assistência social, garantindo o melhor encaminhamento para cada situação”, destaca Carina.

Além disso, a Secretaria Municipal da Saúde pretende ampliar a relação de diálogo entre as escolas e os serviços públicos de saúde mental e de assistência social, além do trabalho de psicólogos e assistentes sociais de referência dentro de cada escola, sendo elas municipais ou estaduais.

Carina afirma, também, que está sendo desenvolvido um canal de denúncia e que os alunos, professores e pais serão orientados em como comunicar casos de violência e qual deve ser o encaminhamento adequado para cada situação.

“Investir e pensar em segurança é olhar para a escola como um espaço que está formando um cidadão. Para serem eficazes, os programas de prevenção da violência exigem da instituição de ensino esforços colaborativos, em toda a comunidade, incluindo estudantes, professores, familiares, profissionais de saúde mental e assistência social, e profissionais de segurança e emergência”, salienta Carina.

 

Além das autoridades citadas, estiveram presentes na reunião o vice-prefeito e secretário municipal da Saúde, Martim Wissmann; a secretária adjunta da pasta, Crislei Gerevini; o coordenador de Trânsito e Sistema Viário, Milton César Szimanski; o presidente do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (CONSEPRO), Zelízio Antônio dos Santos; a assessora pedagógica, Noeli Maria Weber Hansen; os vereadores Alexandre da Silva (PSB), Daniel Carlos Michaelsen (MDB) e Tarcísio Brescovit (Patriota), além de representantes escolares, imprensa e comunidade.

Fonte: Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis