A coordenadora Especial de Políticas Públicas para Mulheres e Idosos, Liriane Kintschner, e o delegado da Polícia Civil de Nova Petrópolis, Fábio Idalgo Peres, participaram da sessão ordinária de terça-feira, 22 de novembro, no Plenarinho da ACINP. Em alusão à Semana Municipal de Combate à Violência contra a Mulher, instituída pela Lei Municipal nº 4.987/2021, de autoria da vereadora Kátia Regina Zummach (PSDB), a coordenadora e o delegado destacaram a importância de combater os tipos de violência vivenciados pelas mulheres e falaram sobre o trabalho que é realizado em Nova Petrópolis para atender as vítimas e os agressores.
Para o delegado de Nova Petrópolis, Fábio Idalgo Peres, o trabalho realizado pela Polícia Civil contribui no combate à violência contra a mulher.
“A Lei Maria da Penha, que tem o objetivo de combater a violência doméstica, é muito recente, do ano de 2006, mas é muito importante para a legislação. O nosso trabalho é atender as vítimas de violência e registrar suas denúncias. Recebemos situações muito delicadas e precisamos estar preparados para ouvir as histórias que chegam até a delegacia. Nós recebemos essas vítimas na ‘Sala das Margaridas’, um espaço especializado para atender as pessoas que sofreram algum tipo de violência. Com esse atendimento, temos mais agilidade na coleta das provas, o que repercute positivamente no Poder Judiciário. A ‘Sala das Margaridas’ e o atendimento realizado em Nova Petrópolis serve de modelo para outros municípios, visto que a cidade trata essas vítimas de uma maneira mais acolhedora e realiza um trabalho diferenciado, o que gera resultados positivos”, afirma Peres.
O delegado destacou a importância das atividades multidisciplinares que são realizadas em Nova Petrópolis para atender as mulheres vítimas de violência.
“No âmbito municipal, são realizados atendimentos com psicólogos e assistentes sociais. Esse respaldo é muito importante para a polícia porque as vítimas têm o atendimento adequado, visto que nosso trabalho é registrar as ocorrências e acolhê-las, mas o trabalho realizado pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social, por exemplo, ajuda as mulheres. É um trabalho comunitário muito importante para Nova Petrópolis”, disse.
Fábio ressalta que a violência contra as mulheres é um tema de direitos humanos, que precisa ser lembrado e debatido constantemente, de modo que gere uma mudança de perspectiva da sociedade sobre a realidade que as mulheres vivenciam.
“A busca pelos direitos humanos é ativa, ela sempre está em evolução. A Semana Municipal de Combate à Violência contra a Mulher é um momento de refletir sobre o futuro, de medir aquilo é feito e o que pode ser feito para combater a violência. Há muito o que se comemorar por conta das evoluções da sociedade no combate à violência contra a mulher, mas é preciso evoluir mais ainda, pois precisamos erradicar esse mal”, salienta o delegado.
A coordenadora Especial de Políticas Públicas para Mulheres e Idosos, Liriane Kintschner, destacou a importância do trabalho realizado pela equipe de psicólogos e assistentes sociais do Município de Nova Petrópolis.
“Nós conseguimos realizar um trabalho bem bacana para atender as mulheres vítimas de violência. Hoje, por exemplo, cada boletim de atendimento ou de ocorrência que é gerado são encaminhados para a coordenaria. Lá, nós temos uma equipe, formada por psicólogos, assistentes sociais e representantes da Secretaria Municipal da Educação. A partir desses boletins, é feita uma busca ativa dessas vítimas, onde entramos em contato e oferecemos todo o suporte que elas precisam. Também temos grupos de reflexão de gênero, no qual trabalhamos com os agressores, visto que, estatisticamente, está comprovado que, geralmente, a violência é causada pelo uso de substâncias, como drogas ou álcool. Mediante a uma ordem judicial, o agressor precisa participar desses grupos. Num primeiro momento, fazemos o acolhimento do agressor, em alguns momentos ele é encaminhado para o grupo de reflexão de gênero ou para grupos de redução de danos, ou então é encaminhado para atendimento individual. Essa avaliação quem faz é o psicólogo”, explica Liriane.
A coordenadora apresentou alguns dados sobre os índices de violência contra a mulher em Nova Petrópolis de 2022. De acordo com Liriane, até o momento, foram registrados 63 boletins, entre os boletins de atendimento, que são realizados pela Brigada Militar, e os boletins de ocorrência, realizados pela Polícia Civil. “Nem todo boletim de atendimento gera um boletim de ocorrência, pois nem toda vítima faz o registro”, destaca.
Os bairros com maior índice de violência contra a mulher são: Vila Germânia (12 registros), Pousada da Neve (8 registros) e Centro (6 registros). Conforme Liriane, as mulheres de 31 a 40 anos são as maiores vítimas de violência em Nova Petrópolis.
Dos 63 boletins registrados até o momento, 37 apresentam uso de alguma substância e 37 tiveram a presença de crianças e adolescentes no instante da agressão. Além disso, 55 vítimas já tiveram atendimento ou ainda estão em atendimento. Liriane ressalta que 14 agressores já foram atendidos. Quanto aos tipos de violência, os dados são: 31% psicológica, 26% moral, 21% patrimonial e 22% física.
“Para a equipe da coordenaria, é fundamental dar suporte para as vítimas de violência. Temos acompanhado e vivenciado que muitas mulheres nem sabem os direitos que tem, muitas não estão fortalecidas para deixar esse ambiente e, muitas vezes, o agressor usa alguma tipo de substância antes de agredi-la, por isso, precisamos trabalhar com o agressor para que essa prática seja erradicada no ambiente familiar. Não é só a vítima que está sofrendo a violência, mas também os filhos, por isso fazemos o acompanhamento familiar. Se as crianças precisam de acompanhamento, temos o Espaço Multiprofissional de Atenção à Infância e Adolescência. Muitas crianças vem de uma família onde essa prática é comum e elas entendem que isso é normal, passando esse problema de geração em geração. Por isso, precisamos trabalhar a violência doméstica nas escolas. Nova Petrópolis está crescendo cada vez mais na promoção de políticas públicas que acompanham as vítimas de violência, o que é positivo para a comunidade e para o acolhimento das pessoas que precisam de ajuda”, concluiu Liriane.
CRÉDITO DAS FOTOS: Jordana Kiekow | Comunicação CVNP
Fonte: Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis