Na sessão ordinária de terça-feira, 27 de setembro, o projeto Lixo Limpo foi pauta na Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis. Os edis participaram de uma conversa com João Fernando Zanenga, que trabalha com a ação. Zanenga explicou a importância de implantar a Usina Lixo Limpo na região, uma alternativa sustentável que tem como objetivo reciclar o lixo e dar um fim aquilo que não é reutilizável, além de não produzir nenhum vetor de contaminação ambiental e garantir dignidade as pessoas que trabalham com o lixo.
FUNCIONAMENTO DA USINA LIXO LIMPO
Na ocasião, foi exibido um vídeo sobre o funcionamento da Usina Lixo Limpo.
Conforme o vídeo, na chegada à usina, o caminhão de lixo é pesado para calcular a quantidade de material a ser despejado. Todo o material é descarregado em uma moega receptora, que recebe uma grande quantidade de resíduos simultaneamente, evitando atrasos na entrega e fazendo com que o coletor fique pouco tempo na usina.
Nessa moega, existe uma esteira que possui um sistema para rasgar os sacos plásticos, facilitando o processo até ser encaminhado para a esteira de seleção, em que 24 selecionadores separam tudo o que pode ser reciclado. Por conta dessa estrutura organizada, o material reciclado é quatro vezes maior do que a seleção existente no país.
Com o sistema Lixo Limpo, consegue-se separar 50% de inorgânicos reciclável e, aproximadamente, 50% de orgânico. Depois dessa seleção manual, o material ainda passa por uma esteira eletromagnética para tirar todo o metal, inclusive pilhas e baterias. O material orgânico que restou cai em um triturador capaz de triturar componentes sólidos, como pedaços de madeiras e casca de coco.
Após esse processo, o lixo orgânico passa por um compactador e é encapsulado numa bolsa resistente chamada de BAG. Essa bolsa é lacrada dos dois lados, porém, em um deles é inserido o arranque para o biogás. Assim, a bolsa é transportada até o depósito de matéria-prima, onde é armazenada por, no máximo, três anos, e com uma área de depósito para quatro anos.
Após esse tempo, as bolsas são retiradas deixando um novo espaço para a rotatividade de depósito. Na área de depósito das BAGs, as tubulações ficam interligadas e possuem uma bomba de vácuo na ponta. Essa bomba serve para exaurir todo o biogás diariamente, evitando o acúmulo de biogás e, assim, não existe chance de ter vazamento. Além disso, a captura de biogás é acima de 95% e ele pode ser utilizado para diversos fins, inclusive na geração de energia.
“A bomba de vácuo tira todo o biogás das BAGs, saindo toda a umidade. O lixo fica dentro da bolsa numa temperatura de 70º C. Depois de três anos, o lixo pode ser retirado, mandado para um laboratório e, após a análise, conforme a classificação, ele poderá ser reutilizado, podendo ser um adubo, por exemplo”, destaca Zanenga.
O composto orgânico também pode ser reaproveitado, visto que a seleção na esteira eletromagnética retira o metal pesado. Cerca de 35% do composto é utilizado para cobrir o próprio depósito de BAGs e o restante pode ser transformado em areia e fertilizante. Para a natureza, segundo Zanenga, esse processo é de suma importância, pois recupera áreas degradadas e serve de adubo orgânico.
Na parte ambiental, a busca da Lixo Limpo é passivo zero. Tudo o que é reciclado é dado fim, somente o material químico, industrial ou médico é separado e encaminhado para a Prefeitura dar um destino.
“A Lixo Limpo trabalha somente com resíduos urbanos. Não produz chorume e nenhum outro vetor de contaminação ambiental, pois não tem lixo a céu aberto. O líquido que sai da compactação é tubulado e vai para a estação de tratamento. Já o que se encontra na moega cai numa calha receptora, que também o leva para a estação de tratamento. A Lixo Limpo trata essa água, que é utilizada para a irrigação do gramado”, relata João.
IMPORTÂNCIA DA USINA LIXO LIMPO
De acordo com Zanenga, o grande destaque da Lixo Limpo fica por conta da limpeza, pois há uma ausência quase total dos odores e uma estrutura que garante a segurança e qualidade de vida aos funcionários.
“A usina devolve a dignidade para os catadores que trabalham em condições sub-humanas nos aterros ou lixões. Na usina, como selecionadores, os funcionários trabalham totalmente uniformizados, com macacões, luvas e máscaras, para que não exista nenhuma contaminação. Além disso, eles tem uma renda acima de média no Brasil quando o assunto é reciclagem”, afirma João.
Zanenga destaca a importância de tratar o chorume no mesmo dia que o lixo chega à usina.
“O aterro sanitário é um lixão que tem uma proteção embaixo para o chorume não infiltrar no solo. Mas, a pressão de toneladas de lixo é tão grande que o chorume fica contaminado com o metal pesado. Para resolver esse problema, o custo é caríssimo, para retirar e tratar aquele líquido. Já na Usina Lixo Limpo, o chorume é tratado no mesmo dia em que o lixo chega, assim como todo o material, evitando transbordo”, explica.
João afirma que a proposta é implantar uma Usina Lixo Limpo na cidade de São Chico.
“Hoje, as Prefeituras da região pagam um frete muito caro para levar o lixo para outra cidade, são longas distâncias, além de transferir o problema desse lixo para outro local. Por isso, o custo-benefício para esse serviço é questionável, pois é um valor alto e o lixo ainda fica a céu aberto, poluindo o meio ambiente”, ressalta Zanenga.
ICMS ECOLÓGICO
Na ocasião, João também falou sobre o ICMS Ecológico, que é um mecanismo tributário que possibilita aos Municípios acesso à parcelas maiores que àquelas que já têm direito dos recursos financeiros arrecadados pelo Estado por meio do ICMS. Mas, para isso, a cidade precisa atender determinados critérios ambientais.
“Um desses critérios é o gerenciamento de resíduos urbanos, que é o que a Usina Lixo Limpo faz. Além disso, é preciso ter legislação mínima adequada com a Política Nacional de Meio Ambiente, educação ambiental nas escolas, redução do desmatamento e risco de queimadas e conservação do solo em áreas de biodiversidade”, conclui Zanenga.
CRÉDITO DAS FOTOS: Jordana Kiekow | Comunicação CVNP
Fonte: Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis